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O PROJETO DE PESQUISA[1]
O projeto de 
pesquisa é o planejamento de uma pesquisa, ou seja, a definição dos caminhos 
para abordar uma certa realidade. Deve oferecer respostas do tipo: O que 
pesquisar? Por que pesquisar? (Justificativa) Para que pesquisar? (Objetivos) 
Como pesquisar? (Metodologia) Quando pesquisar? (Cronograma) Por quem? 
A pesquisa 
científica precisa ser bem planejada. O planejamento não assegurará, por si só, 
o sucesso da monografia, mas, com certeza, é um bom caminho para uma monografia 
de qualidade. 
Entende-se por planejamento da pesquisa a previsão racional de um 
evento, atividade, comportamento ou objeto que se pretende realizar a partir da 
perspectiva científica do pesquisador. Como previsão, deve ser entendida a 
explicitação do caráter antecipatório de ações e, como tal, atender a uma 
racionalidade informada pela perspectiva teórico-metodológica da relação entre o 
sujeito e o objeto da pesquisa. A racionalidade deve-se manifestar através da 
vinculação estrutural entre o campo teórico e a realidade a ser pesquisada, além 
de atender ao critério da coerência interna. Mais ainda, deve prever rotinas de 
pesquisa que tornem possível atingir-se os objetivos definidos, de tal forma que 
se consigam os melhores resultados com menor custo (BARRETO; HONORATO, 1998, p. 
59).
Segundo Minayo 
(1999), ao elaborar um projeto de pesquisa, o pesquisador estará lidando com, no 
mínimo, três dimensões: 
- Técnica: 
regras científicas para a construção do projeto; 
- Ideológica: 
relaciona-se às escolhas do pesquisador, sempre tendo em vista o momento 
histórico; 
- Científica: 
ultrapassa o senso comum através do método científico. 1 DEFINIÇÃO DO ASSUNTO 
 1.1 Tema 
 
A escolha de 
um tema representa uma delimitação de um campo de estudo no interior de uma 
grande área de conhecimento, sobre o qual se pretende debruçar. É necessário 
construir um objeto de pesquisa, ou seja, selecionar uma fração da realidade a 
partir do referencial teórico-metodológico escolhido (BARRETO; HONORATO, 1998, 
p. 62). 
É fundamental 
que o tema esteja vinculado a uma área de conhecimento com a qual a pessoa já 
tenha alguma intimidade intelectual, sobre a qual já tenha alguma leitura 
específica e que, de alguma forma, esteja vinculada à carreira profissional que 
esteja planejando para um futuro próximo (BARRETO; HONORATO, 1998, p. 62). 
O tema de 
pesquisa é, na verdade, uma área de interesse a ser abordada. É uma primeira 
delimitação, ainda ampla. 
 
Exemplos: 
- Sigilo 
bancário (OLIVEIRA, 2002, p. 214). 
- Eutanásia 
(OLIVEIRA, 2002, p. 169). 
- Violência 
urbana (OLIVEIRA, 2002, p. 169). 
- Assédio 
moral 
- A ordem 
jurídica comunitária no Mercosul, possibilidades de constituição e eficácia 
(VENTURA, 2002, p. 73). 
- As 
comissões de conciliação prévia como meio alternativo à jurisdição estatal para 
a solução dos conflitos trabalhistas (SANTOS, 2002). 
 1.2 Delimitação do tema 
 
Delimitar é 
indicar a abrangência do estudo, estabelecendo os limites extencionais e 
conceituais do tema. Enquanto princípio de logicidade, é importante salientar 
que, quanto maior a extensão conceitual, menor a compreensão conceitual e, 
inversamente, quanto menor a extensão conceitual, maior a compreensão 
conceitual. Para que fique clara e precisa a extensão conceitual do assunto, é 
importante situá-lo em sua respectiva área de conhecimento, possibilitando, 
assim, que se visualize a especificidade do objeto no contexto de sua área 
temática (LEONEL, 2002). 
Quando alguém 
diz que deseja estudar a questão da 
violência conjugal ou a prostituição 
masculina,
está se referindo ao assunto de seu interesse. Contudo, é necessário para a 
realização de uma pesquisa um recorte mais “concreto”, mais preciso do assunto (MINAYO, 
1999). 
Ventura 
(2002) oferece um exemplo de como pode proceder-se para delimitar um tema: 
Tema: O 
tratamento jurídico da instrumentalização controlada do corpo humano. 
Possíveis 
delimitações: a) As conseqüências jurídicas do tratamento do direito ao corpo 
como direito pessoal ou como direito de propriedade; ou 
b) O 
exercício individual da liberdade sobre o corpo contraposto ao interesse 
público; ou 
c) A 
legislação brasileira sobre as práticas biomédicas relacionadas a órgãos e 
genomas humanos. 
 
Outros exemplos[2]: 
- Quando o 
sigilo bancário deve ser quebrado (OLIVEIRA, 2002). 
- A 
influência do desarmamento da população para a melhoria dos índices de violência 
urbana em Florianópolis-SC. 
- A ordem 
jurídica comunitária no Mercosul, possibilidades de constituição e eficácia: um 
estudo sobre a viabilidade de adoção de um tribunal regional para o julgamento 
de crimes contra os direitos humanos. 
- O novo meio 
alternativo para a solução dos conflitos trabalhistas instituído pela Lei 
9.958/2000, visando demonstrar os benefícios e problemas que a referida lei 
apresenta, destacando a constitucionalidade e legalidade de seus preceitos, bem 
como a viabilidade para obter a conciliação (SANTOS, 2002). 
 
2 PROBLEMATIZAÇÃO
 
A formulação do problema é a 
continuidade da delimitação da pesquisa, sendo ainda mais específica: indica 
exatamente qual a dificuldade que se pretende resolver ou responder. É a 
apresentação da idéia central do trabalho, tendo-se o cuidado de evitar termos 
equívocos e inexpressivos. É um desenvolvimento da definição clara e exata do 
assunto a ser desenvolvido. 
O pesquisador deve contextualizar 
de forma sucinta o tema de sua pesquisa. Contextualizar significa abordar o tema 
de forma a identificar a situação ou o contexto no qual o problema a seguir será 
inserido. Essa é uma forma de introduzir o leitor no tema em que se encontra o 
problema, permitindo uma visualização situacional da questão (OLIVEIRA, 2002, p. 
169). 
A escolha de 
um problema, para Rudio (apud MINAYO, 1999), merece indagações: 
1.   
Trata-se de um problema original e 
relevante? 
2.   
Ainda que seja “interessante”, é 
adequado para mim? 
3.   
Tenho hoje possibilidades reais para 
executar tal estudo? 
4.   
Existem recursos financeiros para o 
estudo? 
5.   
Há tempo suficiente para investigar tal 
questão? 
O problema, geralmente, é feito 
sob a forma de pergunta(s). Assim, torna-se fator primordial que haja 
possibilidade de responder as perguntas ao longo da pesquisa. Da mesma forma, 
aconselha-se a não fazer muitas perguntas, para não incorrer no erro de não 
serem apresentadas as devidas respostas. 
 Exemplos[3]: 
- O direito sobre o corpo é de 
natureza pessoal ou patrimonial? Caso seja patrimonial, trata-se de propriedade 
individual ou coletiva? (VENTURA, 2002, p. 74). 
- Quais as causas determinantes 
para o rompimento do sigilo bancário de agentes públicos? (OLIVEIRA, 2002, p. 
218). 
 3 OBJETIVOS 
 
Relaciona-se 
com a visão global do tema e com os procedimentos práticos. 
Indicam o que 
se pretende conhecer, ou medir, ou provar no decorrer da pesquisa, ou seja, as 
metas que se deseja alcançar. 
Podem ser gerais e específicos. 
No primeiro caso, indicam uma ação muito ampla e, no segundo, procuram descrever 
ações pormenorizadas ou aspectos detalhados. 
Uma ação individual ou coletiva 
se materializa através de um verbo. Por isso é importante uma grande precisão na 
escolha do verbo, escolhendo aquele que rigorosamente exprime a ação que o 
pesquisador pretende executar (BARRETO; HONORATO, 1998). 
Outro critério fundamental na 
delimitação dos objetivos da pesquisa é a disponibilidade de recursos 
financeiros e humanos e de tempo para a execução da pesquisa, de tal modo que 
não se corra o risco de torná-la inviável. É preferível diminuir o recorte da 
realidade do que se perder em um mundo de informações impossíveis de serem 
tratadas (BARRETO; HONORATO, 1998). Objetivo(s) geral(is): indicação do resultado pretendido. 
Por exemplo: identificar, levantar, descobrir, caracterizar, descrever, traçar, 
analisar, explicar, etc. Objetivos específicos: indicação das metas das etapas que 
levarão à realização dos objetivos gerais. Por exemplo: classificar, aplicar, 
distinguir, enumerar, exemplificar, selecionar, etc. 
 Exemplo: 
Determinar, com base na doutrina 
e na jurisprudência atual brasileira, quando o sigilo bancário deve ser 
quebrado, isto é, em quais circunstâncias pode vir a ocorrer a quebra do sigilo 
bancário dos agentes públicos, de maneira que, preenchidos os requisitos legais, 
esta seja efetuada sem o perigo de violar qualquer outra norma da legislação 
(OLIVEIRA, 2002, p. 232). 4 JUSTIFICATIVA 
 
A justificativa envolve aspectos 
de ordem teórica, para o avanço da ciência, de ordem pessoal/profissional, de 
ordem institucional (universidade e empresa) e de ordem social (contribuição 
para a sociedade). 
Deve procurar responder: Qual a 
relevância da pesquisa? Que motivos a justificam? Quais contribuições para a 
compreensão, intervenção ou solução que a pesquisa apresentará? 
Silva e Menezes (2001, p.31) 
afirmam que o pesquisador precisa fazer algumas perguntas a si mesmo: o tema é 
relevante? Por quê? Quais pontos positivos você percebe na abordagem proposta? 
Que vantagens/benefícios você pressupõe que sua pesquisa irá proporcionar? 
Ventura (2002, p. 75) afirma o 
seguinte: o pesquisador deve destacar a relevância do tema para o direito em 
geral, para a(s) disciplina(s) à(s) qual(is) se filia e para a sociedade. 
Finalmente, cabe sublinhar a contribuição teórica que adviria da elucidação do 
tema e a utilidade que a pesquisa, uma vez concluída, pode vir a ter para o 
curso, para a disciplina ou para o próprio aluno. 
Barral (2003, 
p. 88-89) oferece alguns itens importantes que podem fazer parte de uma boa 
justificativa. São eles: 
a) Atualidade do tema: inserção do 
tema no contexto atual. 
b) Ineditismo do trabalho: 
proporcionará mais importância ao assunto. 
c) Interesse do autor: vínculo do 
autor com o tema. 
d) Relevância do tema: importância 
social, jurídica, política, etc. 
e) Pertinência do tema: 
contribuição do tema para o debate jurídico. 
 5 HIPÓTESE(s) 
 
Hipótese é uma expectativa de 
resultado a ser encontrada ao longo da pesquisa, categorias ainda não 
completamente comprovadas empiricamente, ou opiniões vagas oriundas do senso 
comum que ainda não passaram pelo crivo do exercício científico (BARRETO; 
HONORATO, 1998). 
Sob o ponto de vista operacional, 
a hipótese deve servir como uma das bases para a definição da metodologia de 
pesquisa, visto que, ao longo de toda a pesquisa, o pesquisador deverá 
confirmá-la ou rejeitá-la no todo ou em parte (BARRETO; HONORATO, 1998). 
Embora diversos autores de 
metodologia da pesquisa jurídica recomendem a elaboração de hipóteses de 
trabalho, há também os que questionam tal procedimento: “No âmbito do projeto de 
monografia jurídica, essa exigência parece bastante questionável, entre outras 
razões pelo estágio de conhecimento do tema em que se encontra o aluno e pela 
natureza controversa do objeto, que torna improvável a ´confirmação´ de uma só 
hipótese.” (VENTURA, 2002, p. 74). 
 Exemplo: 
- Em todas as constatações de 
improbidade administrativa o sigilo bancário deve ser quebrado (OLIVEIRA, 2002, 
p. 219). 
6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
 
Esta parte 
fundamenta a pesquisa, é a base de sustentação teórica. Também pode ser chamada 
de revisão bibliográfica, revisão teórica, fundamentação bibliográfica, estado 
da arte, revisão de literatura, resenha bibliográfica etc. 
Para Silva e Menezes (2001, p.30), 
nesta fase o pesquisador deverá responder às seguintes questões: quem já 
escreveu e o que já foi publicado sobre o assunto? Que aspectos já foram 
abordados? Quais as lacunas existentes na literatura? Pode ser uma revisão 
teórica, empírica ou histórica. 
A fundamentação teórica é 
importantíssima porque favorecerá a definição de contornos mais precisos da 
problemática a ser estudada. 
De acordo com Barreto e Honorato 
(1998), considera-se como básica em um projeto de pesquisa uma reflexão breve 
acerca dos fundamentos teóricos do pesquisador e um balanço crítico da 
bibliografia diretamente relacionada com a pesquisa, compondo aquilo que 
comumente é chamado de quadro teórico ou balanço atual das artes. Neste item o pesquisador deve 
apresentar ao leitor as teorias principais que se relacionam com o tema da 
pesquisa. Cabe à revisão da literatura, a definição de termos e de conceitos 
essenciais para o trabalho. O que se diz sobre o tema na 
atualidade, qual o enfoque que está recebendo hoje, quais lacunas ainda existem 
etc. Aqui também é fundamental a contribuição teórica do autor da pesquisa. 
 7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
 
Os 
procedimentos metodológicos respondem: Como? Com quê? Onde? 
A metodologia da pesquisa num 
planejamento deve ser entendida como o conjunto detalhado e seqüencial de 
métodos e técnicas científicas a serem executados ao longo da pesquisa, de tal 
modo que se consiga atingir os objetivos inicialmente propostos e, ao mesmo 
tempo, atender aos critérios de menor custo, maior rapidez, maior eficácia e 
mais confiabilidade de informação (BARRETO; HONORATO, 1998). 
Segundo 
Ventura (2002, p.76-77), são incontáveis e absolutamente diversas as 
classificações da metodologia que se pode encontrar na literatura especializada. 
 7.1 Tipo de pesquisa 7.1.1 Quanto aos objetivos 
 
Segundo Gil 
(2002), uma pesquisa, tendo em vista seus objetivos, pode ser classificada da 
seguinte forma: 
a) Pesquisa exploratória: Esta 
pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com 
vistas a torná-lo mais explícito. Pode envolver levantamento bibliográfico, 
entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado. Geralmente, assume a 
forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso. 
 
b) Pesquisa descritiva: Tem como 
objetivo primordial a descrição das características de determinadas populações 
ou fenômenos. Uma de suas características está na utilização de técnicas 
padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação 
sistemática. 
Destacam-se 
também na pesquisa descritiva aquelas que visam descrever características de 
grupos (idade, sexo, procedência etc.), como também a descrição de um processo 
numa organização, o estudo do nível de atendimento de entidades, levantamento de 
opiniões, atitudes e crenças de uma população, etc. 
Também são 
pesquisas descritivas aqueles que visam descobrir a existência de associações 
entre variáveis, como, por exemplo, as pesquisas eleitorais que indicam a 
relação entre o candidato e a escolaridade dos eleitores. 
 
c) Pesquisa explicativa: A 
preocupação central é identificar os fatores que determinam ou que contribuem 
para a ocorrência dos fenômenos. É o tipo que mais aprofunda o conhecimento da 
realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Por isso, é o tipo mais 
complexo e delicado. 
 7.1.2 Quanto aos procedimentos técnicos 
 
Segundo Gil 
(2002), uma pesquisa, quanto aos seus procedimentos técnicos, pode ser 
classificada da seguinte forma: 
a) Pesquisa bibliográfica: é 
desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de 
livros e artigos científicos. Não é aconselhável que textos retirados da 
Internet constituam o arcabouço teórico do trabalho monográfico. 
 
b) Pesquisa documental: É muito 
parecida com a bibliográfica. A diferença está na natureza das fontes, pois esta 
forma vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou 
que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Além de 
analisar os documentos de “primeira mão” (documentos de arquivos, igrejas, 
sindicatos, instituições etc.), existem também aqueles que já foram processados, 
mas podem receber outras interpretações, como relatórios de empresas, tabelas 
etc. 
 
c) Pesquisa experimental: quando se 
determina um objeto de estudo, seleciona-se as variáveis que seriam capazes de 
influenciá-lo, define-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a 
variável produz no objeto. 
 
d) Levantamento: 
é a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. 
Procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas 
acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, 
obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados. 
Quanto o 
levantamento recolhe informações de todos os integrantes do universo pesquisado, 
tem-se um censo. 
 
e) Estudo de campo: 
procura o aprofundamento de uma realidade específica. É basicamente realizada 
por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas 
com informantes para captar as explicações e interpretações do ocorre naquela 
realidade. 
Para Ventura 
(2002, p. 79), a pesquisa de campo deve merecer grande atenção, pois devem ser 
indicados os critérios de escolha 
da amostragem (das pessoas que serão escolhidas como exemplares de certa 
situação), a forma pela qual serão coletados os dados e os critérios de análise 
dos dados obtidos. 
 
f) Estudo de caso: 
consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que 
permita seu amplo e detalhado conhecimento.   
Caracterizado por ser um estudo intensivo. É levada em consideração, 
principalmente, a compreensão, como um todo, do assunto investigado. Todos os 
aspectos do caso são investigados. Quando o estudo é intensivo podem até 
aparecer relações que de outra forma não seriam descobertas 
(FACHIN, 2001, p. 42). 
 
g) Pesquisa-ação: 
um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita 
associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os 
pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão 
envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1986, p.14). 
 7.2 Método 
 
O método, 
segundo Garcia (1998, p.44), representa um procedimento racional e ordenado 
(forma de pensar), constituído por instrumentos básicos, que implica utilizar a 
reflexão e a experimentação, para proceder ao longo do caminho (significado etimológico de método) e alcançar os objetivos 
preestabelecidos no planejamento da pesquisa (projeto). 
Segundo 
Lakatos e Marconi (1995, p. 106), os métodos podem ser subdivididos em métodos 
de abordagem e métodos de procedimentos.   
 
7.2.1 Método de abordagem
 
a) Dedutivo: 
Parte de teorias e leis mais gerais para a ocorrência de fenômenos particulares.
  
b) Indutivo: 
O estudo ou abordagem dos fenômenos caminha para planos cada vez mais 
abrangentes, indo das constatações mais particulares às leis e teorias mais 
gerais. 
c) Hipotético-dedutivo: que se 
inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos acerca da qual formula 
hipóteses e, pelo processo dedutivo, testa a ocorrência de fenômenos abrangidos 
pela hipótese. 
d) Dialético: 
que penetra o mundo dos fenômenos através de sua ação recíproca, da contradição 
inerente ao fenômeno e da mudança dialética que ocorre na natureza e na 
sociedade. 
7.2.2 Método de procedimentoa) Histórico: Parte do princípio de que as atuais 
formas de vida e de agir na vida social, as instituições e os costumes têm 
origem no passado, por isso é importante pesquisar suas raízes para compreender 
sua natureza e função. b) Monográfico: Para Lakatos e Marconi (1996, p. 151) 
é “[...] um estudo sobre um tema 
específico ou particular de suficiente valor representativo e que obedece a 
rigorosa metodologia. Investiga determinado assunto não só em profundidade, mas 
em todos os seus ângulos e aspectos, dependendo dos fins a que se destina”. 
c) Comparativo:
 
Consiste em investigar coisas 
ou fatos e explicá-los segundo suas semelhanças e suas diferenças. Geralmente o 
método comparativo aborda duas séries de natureza análoga tomadas de meios 
sociais ou de outra área do saber, a fim de detectar o que é comum a ambos. 
Este método é de grande valia e sua 
aplicação se presta nas diversas áreas das ciências, principalmente nas ciências 
sociais. Esta utilização deve-se pela possibilidade que o estudo oferece de 
trabalhar com grandes grupamentos humanos em universos populacionais diferentes 
e até distanciados pelo espaço geográfico. (FACHIN, 2001, p.37). 
d) Etnográfico: 
Estudo e descrição de um povo, sua língua, raça, religião, cultura... 
e) Estatístico: 
Método que implica em números, percentuais, análises estatísticas, 
probabilidades. Quase sempre associado à pesquisa quantitativa. 
Para Fachin 
(2001, p. 46), este método se 
fundamenta nos conjuntos de procedimentos apoiados na teoria da amostragem e, 
como tal, é indispensável no estudo de certos aspectos da realidade social em 
que se pretenda medir o grau de correlação entre dois ou mais fenômenos. Para o 
emprego desse método, necessariamente o pesquisador deve ter conhecimentos das 
noções básicas de estatística e saber como aplicá-las. 
O método estatístico se relaciona com dois termos principais: 
população e universo. 
 7.3 Delimitação do Universo a ser pesquisado 
 
Se a pesquisa 
for de campo e/ou envolver o método estatístico, o tipo de amostragem também 
precisará ser explicado.
  
Universo é o conjunto de fenômenos, todos os fatos 
apresentando uma característica comum, e 
população
como um conjunto de números obtidos, medindo-se ou contando-se certos atributos 
dos fenômenos ou fatos que compõem um universo. 
 7.4 Técnicas para coleta de dados
  
 
A principal 
forma de coleta de dados é a leitura (livros, revistas, jornais, sites, CDs 
etc.), que certamente é utilizada para todos os tipos de pesquisa. Esta técnica 
também é chamada de pesquisa bibliográfica. 
Existem, 
basicamente, dois tipos de dados: 
·       
Dados 
secundários: são os dados que já se encontram 
disponíveis, pois já foram objeto de estudo e análise (livros, teses, CDs, 
etc.).   
·       
Dados 
primários: dados que ainda não sofreram estudo e análise. Para 
coletá-los, pode-se utilizar: questionário fechado, questionário aberto, 
formulário, entrevista estruturada ou fechada, entrevista semi-estruturada, 
entrevista aberta ou livre, entrevista de grupo, discussão de grupo, observação 
dirigida ou estruturada, observação livre, brainstorming, brainwriting, etc. 
 7.5 Análise e interpretação dos dados 
 
Segundo Rauen 
(1999, p. 141), é a parte que apresenta os resultados obtidos na pesquisa e 
analisa-os sob o crivo dos objetivos e/ou das hipóteses. Assim, a apresentação 
dos dados é a evidência das conclusões e a interpretação consiste no 
contrabalanço dos dados com a teoria. 
Para Triviños 
(1996, p.161), o processo de análise de conteúdo pode ser feito da seguinte 
forma: pré-análise (organização do material), descrição analítica dos dados 
(codificação, classificação, categorização), interpretação referencial 
(tratamento e reflexão). 
O objetivo da 
análise é sumariar as observações, de forma que estas permitam respostas às 
perguntas da pesquisa. O objetivo da interpretação é a procura do sentido mais 
amplo de tais respostas, por sua ligação com outros conhecimentos já obtidos (SELLTIZ 
et al apud RAUEN, 1999, p. 122). 
A 
interpretação também é um processo de analogia com os estudos assemelhados, de 
forma que os resultados obtidos são comparados com resultados similares para 
destacar pontos em comum e pontos de discordância.   
Em síntese, é 
a descrição da forma como serão analisados os dados da pesquisa. Existem duas 
grandes tendências:   
a) se a 
pesquisa for qualitativa, as respostas podem ser interpretadas global e 
individualmente;   
b) se for 
quantitativa, provavelmente serão utilizadas tabelas e estatística. 
 Exemplo: 
Como não há dados estatísticos 
para desenvolver uma representação gráfica, a análise percorrerá os caminhos dos 
autores, profissionais do Direito e outros pesquisados. 
Os dados coletivos serão analisados agrupando-os por similaridades e 
encontrando o que os faz divergentes e comuns (OLIVEIRA, 2002, p. 231). 
 8 CRONOGRAMA 
 
Tempo necessário para a realização de 
cada uma das partes propostas da monografia. Deve ser efetuado com muito 
realismo.   
Segue uma sugestão, segundo Santos 
(2002): 
 9 PLANO PROVISÓRIO DA MONOGRAFIA Assim como 
um sumário, o pesquisador mostrará o provável plano da monografia, contendo as 
seções primárias (capítulos) e secundárias (subitens). É 
necessário coerência com o referencial teórico e metodológico planejado. 10 REFERÊNCIAS Elenco de fontes citadas para a realização do projeto 
de pesquisa durante a: - 
Metodologia da pesquisa - 
Instrumental teórico.  11 
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES[4]Elenco de fontes consultadas, mas 
não citadas no projeto. BARRAL, 
Welber. Metodologia da pesquisa jurídica. 
2. ed. Florianópolis: Fundação Boitex, 2003. BARRETO, Alcyrus Vieira Pinto; 
HONORATO, Cezar de Freitas. Manual de 
sobrevivência na selva acadêmica. Rio de Janeiro: Objeto Direto, 1998. BARROS, Aidil de Jesus Paes de; 
LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. 
Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. 8. ed.  Petrópolis: Vozes, 1999. FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 3. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2001. GARCIA, Eduardo Alfonso Cadavid. Manual de sistematização e normalização de documentos técnicos. São 
Paulo: Atlas, 1998. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São 
Paulo: Atlas, 2002. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico. São 
Paulo: Atlas, 1995. LEONEL, Vilson (Org.). 
Diretrizes para a elaboração e apresentação da monografia do curso de Direito. 
Tubarão, 2002. MÁTTAR NETO, João Augusto. Metodologia científica na era da informática. São Paulo: Saraiva, 
2002. MINAYO, Maria Cecília de Souza et al. (Org.) Pesquisa social: teoria, método e  criatividade. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Vozes, 1994. 80 p. NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual da monografia jurídica. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Metodologia científica aplicada ao Direito. São Paulo: Thomson, 
2002. RAUEN, Fábio José. 
Elementos de iniciação à pesquisa. Rio do Sul, SC: Nova Era, 1999. RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 22. ed. 
Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. SANTOS, Rodrigo Mendes dos. As comissões de conciliação prévia como meio alternativo à jurisdição 
estatal para a solução dos conflitos trabalhistas. 2002. 15 f. Projeto de 
pesquisa apresentado ao curso de Direito, Universidade do Sul de Santa Catarina, 
Palhoça, SC. SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera Muskat. Metodologia da pesquisa e elaboração de 
dissertação. 3. ed.  rev. e 
atual. Florianópolis: Laboratório de Ensino à Distância da UFSC, 2001. THIOLLENT, Michel. 
Metodologia da pesquisa - ação. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1986. TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: 
a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas , 1987. VENTURA, Deisy. Monografia jurídica. Porto Alegre: 
Livraria do Advogado, 2002. 
[1] Os 
elementos aqui apresentados são fundamentais para a elaboração de um bom projeto 
de pesquisa. Vale lembrar, no entanto, que esta não é uma regra rígida para ser 
seguida. Existe muita literatura sobre o assunto e várias das questões tratadas 
aqui não são consensuais. Portanto, é importante considerar outras fontes de 
consulta, inclusive o orientador.
[2] Evitar abordagens vagas e 
imprecisas. Por exemplo: “O novo Código Civil”; “O Mercosul”. [3] Antes de fazer a(s) pergunta(s) de pesquisa, é fundamental contextualizar o tema em questão. [4] Este item não consta como elemento do trabalho acadêmico nas normas da ABNT. Optou-se por colocá-lo aqui para diferenciar as obras efetivamente citadas no trabalho das obras consultadas (não citadas). Portanto, trata-se de um item opcional no trabalho acadêmico. 
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